LOC.: A ratificação do Protocolo de Nagoya no Senado, que define regras internacionais de o a recursos genéticos e repartição dos benefícios obtidos com a exploração comercial de diversidade biológica, pode expandir o mercado de bioprodutos na região amazônica. No Pará, a adesão ao acordo pode beneficiar a cadeia extrativista de castanhas, bacuri e cupuaçu, por exemplo. Isso porque, com a adesão brasileira ao tratado, empresas estrangeiras serão obrigadas a compartilhar com o país de origem os lucros de produção e venda de produtos elaborados a partir de recursos genéticos como sementes ou micro-organismos.
Na avaliação do consultor de Propriedade Intelectual da Biotec Amazônia, Luiz Ricardo Marinello, a participação brasileira no Protocolo de Nagoya pode colocar de vez o país na rota global da bioeconomia. O especialista acredita ainda que a partilha de informações tecnológicas favorece o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
TEC./SONORA: Luiz Ricardo Marinello, consultor de Propriedade Intelectual da Biotec Amazônia.
“Se o Brasil souber usar com inteligência a tecnologia que pode receber de fora, para, em contrapartida, dar o o ao seu patrimônio, isso pode ter uma influência impactante, inclusive no aspecto social. São recursos que podem vir para cá através dessas novas negociações que surgem para o país.”
LOC.: Pelo acordo, a compensação ao país de origem dos recursos genéticos pode ser feita por meio de pagamento de royalties, estabelecimento de parcerias, transferência de tecnologias ou capacitação. Por conta da vasta biodiversidade, o Norte do país atrair o interesse de companhias internacionais dos setores de comésticos e farmacêutico. É o caso da manteiga de cupuaçu, potencialmente rentável por conta das propriedades emoliente, hidratante e cicatrizante e que pode utilizada também no tratamento de dermatites e úlceras.
Maior produtor nacional de cupuaçu, com mais de 27 mil toneladas colhidas em 2018, o estado paraense pode dar um o importante em direção ao desenvolvimento sustentável, na ótica do deputado federal Vavá Martins (Podemos-PA). Em nota enviada ao Brasil 61, o parlamentar defende que a adesão ao Protocolo de Nagoya, "além de gerar recursos para o país e valorizar a cultura, mira a preservação do patrimônio genético".
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio Dias, a entrada efetiva do Brasil nas negociações sobre o a recursos genéticos traz mais respaldo em termos ambientais ao país.
TEC./SONORA: Bráulio Dias, professor da UnB e ex-secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade
“Teremos assento nas mesas de negociação de aprimoramento do protocolo daqui para frente. As leis nacionais só alcançam até o limite da fronteira nacional. Se queremos que os outros países respeitem as nossas leis nacionais, é importante a ratificação do protocolo.”
LOC.: O acordo internacional, que já foi ratificado por 126 países, foi criado pela Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e entrou em vigor em 2014. Caso o tratado seja referendado pelos senadores, o Brasil a a ter direito a voto na elaboração das regras sobre a repartição de benefícios, ou seja, o país a a ter participação direta na agenda mundial da biodiversidade.