LOC.: A doação de órgãos é um ato que pode representar recomeço e esperança para milhares de pessoas. Entre os órgãos que podem ser doados, estão coração, pulmão, rim, fígado e pâncreas. Há também a possibilidade de doar tecidos, como as córneas. Segundo a Central de Transplantes do Paraná, até setembro deste ano, 2 mil pacientes aguardavam na lista de espera por um novo órgão. O tipo de transplante mais demandado no estado é o rim, com 1.520 pessoas na lista. Em seguida, há 200 pacientes à espera de córneas, e 192 que aguardam um fígado. Em todo o país, mais de 45 mil pacientes esperam por um transplante de órgão, segundo o Ministério da Saúde.
A adeira Silmara Ferraz, de 46 anos, é um exemplo de quem teve uma segunda chance. Moradora de Curitiba, Silmara é transplantada de rim há oito anos. Ela foi diagnosticada com lúpus em 2010, doença autoimune que prejudicou o funcionamento dos órgãos. As dores e sessões de hemodiálise duraram mais de um ano, até que um amigo da família se voluntariou a doar, em vida, um dos rins. Em setembro de 2011, o gesto de solidariedade foi consolidado.
TEC./SONORA: Silmara Ferraz, adeira
“Depois do transplante, foi como se eu tivesse renascido de novo, uma nova chance. No meu caso fui privilegiada: uma pessoa me procurou, bateu na minha porta disposta a doar um rim. É um anjo mesmo. Doar é um ato de amar o ser humano, o próximo. No meu caso, eu tive sorte que uma pessoa me procurou, mas muitas pessoas estão na espera, na lista, na esperança de aparecer um órgão.”
LOC.: Existem dois tipos de doadores de órgãos: o vivo – que, desde que não prejudique a sua saúde, pode doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou da medula óssea, e o doador falecido – pacientes com morte encefálica, vítimas de traumatismo craniano ou de um derrame cerebral (AVC).
Após a morte cerebral, um fator é decisivo para que pacientes da lista de espera tenham uma segunda chance, assim como Silmara: a autorização dos familiares para a doação dos órgãos. Na média nacional, quatro em cada dez famílias dos possíveis doadores dizem ‘não’ à doação (40%). No Paraná, essa taxa de recusa é de 25%. Esse é o principal fator que impede a diminuição da lista no estado, segundo a enfermeira da Central Estadual de Transplantes do Paraná, Luana Cristina dos Santos.
A especialista explica que o transplante, na maioria das vezes, é a última alternativa do tratamento para determinadas doenças. Por isso, ressalta a importância do diálogo entre quem deseja doar órgãos e parentes.
TEC./SONORA: Luana Cristina dos Santos, enfermeira da Central Estadual de Transplantes do Paraná
“É importantíssimo que a família conheça o desejo, porque não resolve deixar por escrito, o que vale é a vontade da família no momento em que houver a possibilidade da doação. A doação de órgãos salva vidas, a nossa chance de precisar de um órgão é muito maior do que a nossa chance de poder doar. Nós precisamos levar esse assunto para o nosso núcleo familiar, expor nosso desejo de ser um doador de órgãos. Lembrando que existem pessoas como nós na lista de espera que dependem de uma doação para sobreviver.”
LOC.: O Brasil é referência mundial na área e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em números absolutos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Os pacientes recebem assistência integral, incluindo os exames preparatórios, a cirurgia, o acompanhamento e os medicamentos pós-transplante, financiados pela rede pública de saúde.
Se você vive no estado e quer saber como ser um doador, basta procurar a Central Estadual de Transplantes, que fica na Rua Barão do Rio Branco, 465, 1º Andar, em Curitiba. O telefone para contato é (41) 3304-1900. Repetindo: (41) 3304-1900.
Todo o processo de doação de órgãos no Brasil é transparente e embasado por leis para que as famílias tomem uma decisão livre e segura antes de autorizar o transplante. A vida continua. Doe órgãos, converse com sua família. Para mais informações, e: saude.gov.br/doacaodeorgaos.