LOC.: As estradas brasileiras amanheceram com 86 pontos interditados ou bloqueados por manifestantes, nesta quinta-feira (03). Os dados são do último boletim divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), até a publicação desta reportagem.
Segundo a PRF, 12 estados ainda registram ocupações nas rodovias desde o início das operações para desobstruir as vias. O ponto mais crítico é no estado do Mato Grosso, que concentra 31% das ocorrências, ou seja, 27 pontos de rodovias com interdição ou bloqueio. Por fim, a corporação informa que, até as últimas atualizações, cerca de 2 mil autos de infração para os veículos que estão nos bloqueios foram aplicados. São mais de 18 milhões de reais em multas.
O diretor executivo da PRF, Marco Antônio Territo, esclarece as dificuldades da operação.
TEC./SONORA: Marco Antônio Territo, diretor executivo da PRF
"Nós tomamos conta de, na nossa circunscrição, mais de 75 mil km de rodovias federais, é uma operação complexa, demanda uma mobilização de grande efetivo, aparato logístico, daí por esse motivo nós solicitamos apoio das nossas forças coirmãs: a Polícia Federal, a Força Nacional, a Polícia Militar. Então nós estamos nessa operação sinérgica de forma a restabelecer a ordem o quanto antes, liberar o trânsito nas rodovias e resolver o mais rápido possível para garantir o direito de ir e vir dos cidadãos e o escoamento de mercadoria e pessoas nas rodovias federais".
LOC.: Além do apoio de outras forças de segurança, a PRF reforçou o efetivo para atuar nas ações. Segundo a corporação, o número de policiais rodoviários federais designados para atuar nas estradas foi aumentado em 400%. As operações para desobstruir as rodovias acontecem desde a noite do dia 30 de outubro, quando manifestantes foram às ruas após o resultado do segundo turno das eleições. Desde então, 834 manifestações foram desfeitas pela PRF.
Para tentar apaziguar a situação, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais e enviou uma mensagem aos manifestantes. Em vídeo publicado na noite do feriado de Finados, nessa quarta-feira (02), o presidente pediu que seus apoiadores liberem o trânsito nas rodovias.
TEC./SONORA: Jair Bolsonaro, presidente da República
(01:06): "Eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder nós aqui essa nossa legitimidade". (01:22)
LOC.: Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e um dos líderes da greve de caminhoneiros de 2018, criticou o movimento e defendeu a categoria.
TEC./SONORA: Wallace Landim, presidente da Abrava
“Tô vendo muitos caminhoneiros parados. Existe sim uma parcela muito pequena, mas muitos querem trabalhar e nós estamos levando esse nome como 'baderneiro', como 'terrorista', como 'radical' e nós não podemos ser usados como massa de manobra por um grupo intervencionista que tá trabalhando contra a democracia desse país”
LOC.: A atuação da Polícia Rodoviária Federal nos últimos dias também está sob análise das autoridades. Nessa quarta, o Ministério Público Federal enviou à Polícia Federal um pedido de investigação de possíveis crimes cometidos pelo diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques. Segundo o ofício, que está sob sigilo para não atrapalhar as investigações em curso, o inquérito deve apurar as blitz realizadas pela corporação durante o segundo turno das eleições e suposta omissão em relação aos bloqueios em rodovias.
O MPF diz que, se comprovada omissão do diretor da PRF sobre o bloqueio nas vias federais, o caso pode ser considerado prevaricação. Além disso, Vasques pode responder por "crimes praticados por invasores de rodovias".
Reportagem, Álvaro Couto.