LOC: Nos últimos quatro anos, o consumo de gás natural no Mato Grosso do Sul quase triplicou, ando de 6,2 milhões para 18,5 milhões de metros cúbicos. O número de consumidores seguiu a mesma tendência e cresceu 142% no período, segundo dados do governo estadual. Apesar do crescimento no uso do combustível, o potencial para expansão do mercado ainda é pouco explorado. Somente 11 dos 79 municípios sul-mato-grossenses são abastecidos.
A única fonte é o gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que planeja aumentar em mais de 2000% o fornecimento de gás no Mato Grosso do Sul. Para isso, a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) vai licitar a revenda do produto, abrindo mercado para outras distribuidoras.
Como esse processo hoje é considerado burocrático e afasta possíveis investidores, o Congresso Nacional discute a chamada Nova Lei do Gás. Segundo o autor do projeto, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), o marco regulatório incentiva o prolongamento da malha de dutos para baratear o preço do combustível.
TEC./SONORA: deputado Domingos Sávio (PSDB-MG)
“O mercado atual está fechado e cartelizado, com praticamente 100% sobre o controle da Petrobras e de outras estatais. Não há investimentos para ampliar a malha de gasoduto no Brasil. Com a nova lei, daremos segurança jurídica para que a iniciativa privada possa participar ativamente, construir gasodutos e levá-los a várias partes do país, gerando novos investimentos.”
LOC.: No estado, a maior parte do gás natural que chegará pelo Gasbol deve ser destinado a uma fábrica de fertilizantes em Três Lagoas que planeja abrir as portas em 2022. A indústria deve consumir praticamente todo o estoque que ará a ser distribuído a partir da expansão da rede - a produção dos insumos usa o combustível como matéria-prima. Hoje, o Brasil importa 80% dos fertilizantes usados na agropecuária. Com maior produção em território nacional, a tendência é que o preço seja menor e beneficie produtores do Mato Grosso do Sul.
O atual relator da matéria na Câmara, deputado Laercio Oliveira (PP-SE), considera que o texto está pronto para ser votado e vai deixar para trás anos de atraso no setor.
TEC./SONORA: deputado Laercio Oliveira (PP-SE)
“Hoje, o PL encontra maior apoio do governo federal e do Fórum do Gás, que representa mais de 60 associados. O projeto está maduro, fruto de muitas discussões na Comissão de Minas e Energia. O que temos como certeza é que tudo que foi construído até aqui tem o consenso da maioria."
LOC.: Se aprovada na Câmara, a Nova Lei do Gás poderá reduzir a burocracia para construção de gasodutos. Segundo a última redação votada na Casa, em 2019, o processo de concessão atualmente é “muito burocrático”, o que impediu a ampliação dessa infraestrutura desde 2009, quando o sistema de concessão de gasodutos foi regulamentado por lei. Para corrigir isso, a norma propõe que as companhias precisem apenas de autorização da ANP, em vez de ar por licitação pública, como é exigido hoje.
Reportagem, Daniel Marques