LOC.: Com a suspensão das aulas presenciais nas escolas municipais e estaduais de todo o país, prefeitos e governadores estão distribuindo kits de alimentação a famílias de alunos em situação de vulnerabilidade social. O governo do Paraná, por exemplo, fornece cestas básicas a cada 15 dias aos estudantes inscritos em programas de assistência social. Por lá, o kit merenda contém arroz, feijão, farinha de milho, macarrão, óleo e molho de tomate.
No município Jarinu, em São Paulo, alunos da rede municipal recebem uma cesta básica ainda mais completa. Entre os alimentos do kit, estão frutas, verduras e vegetais produzidos por agricultores locais, sardinha, leite em pó, entre outros produtos.
As compras de alimentos da merenda escolar são feitas com recursos de estados e municípios e é complementada com rees do Governo Federal, realizados por meio Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), coordenado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, afirma que de forma geral prefeituras do país têm enfrentado dificuldades durante a pandemia na aquisição e distribuição de alimentos. Segundo ele, os kits merenda requerem mais recursos e um processo de logística muito caro e defende uma complementação do PNAE com o fim da pandemia.
“Há municípios que já comprometeram os recursos para todo o ano em apenas dois ou três meses da demanda"
LOC.: Os rees do PNAE a estados, municípios e escolas federais são realizados em 10 parcelas, conforme o número de alunos matriculados em cada rede de ensino. Para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), o valor reado por aluno a cada dia letivo é de R$ 0,32. Em creches, esse valor por estudante matriculado é de R$ 1,07.
A legislação do PNAE restringe a aquisição de alguns alimentos ricos em açúcar, sódio e gorduras e impõe limites a quantidade desses nutrientes nas preparações diárias e a oferta de doces. Além disso, o programa estabelece que 30% dos recursos reados aos estados e municípios sejam utilizados na aquisição de produtos da agricultura familiar.
Karine Santos, coordenadora do PNAE, diz que aproximadamente 70% dos estados e 60% dos municípios estão distribuindo kits de merendas durante a pandemia. Além disso, segundo ela, os gestores locais devem contratar nutricionistas para a definição dos alimentos a serem distribuídos e cabe a prefeituras e governos estaduais investirem com a maior parcela dos recursos da merenda escolar.
“Os recursos do governo federal são complementares, eles não são os únicos investimentos destinados à alimentação dos estudantes no Brasil. Estados e municípios recebem a parcela [do PNAE]. Em vias de regra, estados e municípios também precisam investir na merenda escolar.”
LOC.: No entanto, há maus exemplos do fornecimento de alimentos às famílias de alunos. No final de junho, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram uma operação contra fraude na compra de merenda escolar e de outros produtos durante a pandemia. Algumas famílias de estudantes da rede pública estadual de ensino afirmaram que não receberam as cestas básicas prometidas por algumas escolas estaduais. Procurada, a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro não comentou o caso.
Reportagem, Paulo Oliveira.