LOC.: No ano ado, os gastos dos municípios cresceram quase o dobro do avanço das receitas. A arrecadação a partir de tributos próprios e de transferências de estados e União cresceu 6,8% em relação a 2022, o equivalente a R$ 57,4 bilhões. O problema é que as despesas avançaram 14,8% — R$ 114,3 bilhões a mais do que no ano anterior. A diferença foi de quase R$ 57 bilhões. É o que aponta estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Professor da Escola de istração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Renan Gomes de Pieri, acredita que na Constituição Federal de 1988 os municípios receberam mais obrigações do que receitas — o que ajuda a explicar o crescimento das dívidas desses entes.
TEC./SONORA: Renan Gomes de Pieri, Professor da Escola de istração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas
"As prefeituras são responsáveis por alguns serviços básicos que são bem relevantes e custosos. Atenção básica na saúde, por exemplo, a educação no que diz respeito à creche e a todo o ensino infantil e também o fundamental, a parte de assistente social tem muita coisa também, enfim, tem uma série de serviços dispendiosos e que, no pacto constitucional lá de 1988, o governo municipal foi o menos privilegiado com recursos."
LOC.: O custeio da máquina pública foi o principal vilão do déficit registrado no ano ado, seguido pelas despesas com pessoal, sobretudo os reajustes salariais e issão de novos servidores públicos. E o investimento público, puxado pela retomada de obras e aquisição de maquinário.
Segundo o especialista, a situação de insolvência dos municípios também se deve à falta de estrutura das cidades de menor porte.
De acordo com o levantamento, 48% dos municípios de pequeno porte brasileiros terminaram o ano ado no vermelho. Mas a situação foi ainda pior nas cidades de médio e grande porte, onde 57% e 56% delas, respectivamente, fecharam 2023 no negativo.
Reportagem, Felipe Moura.