LOC.: Um sistema de saúde que tenha condições de receber novas demandas, atendimento na segurança pública e a preocupação com a possibilidade de um comércio de drogas. Na opinião do advogado especialista em direito penal Marcus Gusmão, o país não está preparado para descriminalizar as drogas.
TEC./SONORA: Marcus Gusmão, advogado penal
“O Brasil é um país de proporções continentais como a gente sabe e isso dificulta sobre a maneira necessária de fiscalização, porque uma descriminalização ela induziria a certas necessidades de fiscalizações tributárias, certas fiscalizações de vigilância sanitária. Situação essa que, em razão exatamente dessa proporção do país, tornaria uma coisa bastante difícil para não exagerar e dizer praticamente impossível.”
LOC.: A discussão sobre a possibilidade de descriminalização do porte de drogas – entre elas a maconha – para consumo próprio no país gerou ime entre o poder legislativo e o judiciário, onde o Supremo Tribunal Federal (STF) discutia a inconstitucionalidade de enquadrar como crime unicamente o porte de maconha para uso pessoal. O doutor em direito do Estado pela USP Rubens Beçak avalia essa discussão como consequência do atrito entre os poderes o que, segundo ele, é até natural diante de uma Constituição que tem uma série de comandos ou de leis que vem posteriormente à Constituição e geram conflitos. Mas ainda assim, ele acredita que tanto o legislativo como o judiciário estão caminhando em polos opostos.
TEC./SONORA: Rubens Beçak, doutor USP
“A atual legislatura tem tido uma pauta de costumes como mais conservadora, enquanto o Supremo Tribunal Federal tende a ter uma maioria mais, digamos assim, nesta pauta progressista. Ambos têm legitimidade e é um fenômeno aí que temos observado muito no Brasil sobre a afirmação de quem teria a palavra final naquele assunto.”
LOC.: Para Rubens Beçak, essa postura só causa mais transtornos e insegurança para a sociedade na medida em que a para o destinatário uma confusão muito grande, o que não é desejável, segundo ele, para a percepção do sistema de justiça e para a percepção do sistema em última análise, como sendo democrático.
Reportagem, Lívia Azevedo