Apesar da pressão em contrário de representantes dos médicos, foi publicada no Diário Oficial da União, nesta segunda-feira, a sanção pelo presidente Lula da lei que permite a realização da ozonioterapia em todo o País.
De acordo com a polêmica medida, fica estabelecido que a ozonioterapia é um procedimento de caráter complementar, proposto como tratamento para as mais diversas condições, entre elas: osteoporose, hérnia de disco, feridas crônicas, entre outras.
A lei prevê que a ozonioterapia deve ser prescrita como um tratamento único — e o paciente precisa estar ciente disso. A técnica faz parte do rol de práticas integrativas do SUS desde 2018, mas era restrita a tratamentos específicos em áreas como estética e odontologia.
A lei determina ainda que o método só poderá ser realizado por um profissional de saúde com nível superior inscrito em seu conselho de fiscalização profissional. E com uso de equipamento regularizado pela Anvisa.
A Associação Médica Brasileira, junto com o Conselho Federal de Medicina, se manifestou contrária ao uso indiscriminado da ozonioterapia. O diretor científico da AMB, José Eduardo Lutaif Dolci, explica os motivos.
“A lei aprovada não dá um cheque em branco para que as pessoas possam usar a ozonioterapia para qualquer coisa. Uso para câncer, diabetes, rejuvenescimento, não é isso que a lei diz. A lei sanciona o uso para aquilo que está aprovado pela Anvisa, com equipamentos aprovados pela Anvisa e com profissionais gabaritados e treinados para isso.”
A ozonioterapia é uma terapia experimental que consiste na introdução do ozônio no corpo por diferentes meios, normalmente misturado com alguns líquidos. O gás, quando ministrado de forma indicada e por profissionais capacitados, atua contra bactérias e fungos. Pesquisadores e profissionais que usam o gás de forma terapêutica defendem efeitos antiinfecciosos, antiinflamatórios e analgésicos da substância. Como é o caso, por exemplo, do dentista, professor e pesquisador da UnB, Sérgio Bruzadelli, que usa o ozônio terapêutico há quase 30 anos.
“Na odontologia, as necroses que nós temos na maxila e na mandíbula, o ozônio tem sido uma terapêutica bastante eficaz. Evidentemente não resolve todos os problemas mas melhoras as condições daquele paciente para que seja submetido a uma cirurgia, ou ao ciclo de antibióticos.”
A Associação dos Médicos, assim como o Conselho de Medicina e os pesquisadores concordam em um ponto: é preciso capacitação de quem trabalha com o gás ozônio para que o tratamento não cause danos e efeitos maléficos à saúde de pacientes, que am pelas terapias com o gás.
Reportagem, Livia Braz