LOC.: Entre todas as capitais brasileiras, 14 têm nível insatisfatório de transparência de dados sobre a situação epidemiológica do coronavírus. É o que aponta o Índice de Transparência da Covid-19, elaborado pela Organização Não-Governamental (ONG) Open Knowledge Brasil, que avalia a divulgação dos dados das políticas de enfrentamento à pandemia em estados e municípios.
O boletim divulgado em 30 de julho revela que apenas nove cidades publicam base de dados detalhadas, sendo duas de forma completa e sete, parcial. Apesar da melhora desde o primeiro levantamento da ONG em nível municipal - na primeira quinzena de julho -, quando 15 cidades apresentaram índice insatisfatório, a organização ainda classifica a situação como preocupante.
A coordenadora de Advocacy e Pesquisa da Open Knowledge Brasil, Camille Moura, explica que municípios que têm autonomia na gestão pública de saúde apresentam mais transparência de dados quando comparados a cidades que têm o governo estadual como gestor.
TEC./SONORA: Camille Moura, coordenadora de Advocacy e Pesquisa da Open Knowledge Brasil.
“Nos municípios que têm gestão plena de saúde, a gente detecta que existe um melhor fluxo de informação. Com essa gestão o município consegue saber o que acontece, especificamente, nas unidades de saúde e qual é a gestão de leitos. Quando a gestão não é plena os municípios agem de forma complementar à gestão estadual e não tocam a gestão pública de saúde.”
LOC.: Apesar do resultado negativo em boa parte das capitais, algumas cidades apresentaram melhora na transparência dos dados da Covid-19. É o caso, por exemplo, de Salvador (BA). Entre o primeiro e o segundo levantamento da Open Knowledge, a capital baiana foi líder em variação de pontos positivos. A gestão municipal ou a divulgar base de informações detalhadas em formato aberto e inseriu dados sobre ocupação de leitos da Covid-19.
Por outro lado, Macapá (AP) deixou de atualizar sua base de dados detalhados sobre infraestrutura e despencou no ranking de transparência. A cidade, que ocupou a primeira posição no primeiro levantamento, caiu para a décima colocação.
A doutora em Saúde Coletiva e professora da Universidade de Brasília (UnB), Carla Pintas Marques, destaca a importância da transparência na publicação de dados relativos à saúde pública. Segundo Marques, as informações tornadas públicas norteiam as ações tomadas no enfrentamento da pandemia.
TEC./SONORA: Carla Pintas Marques, doutora em Saúde Coletiva e professora da Universidade de Brasília (UnB)
“Todas as informações são fundamentais para a população conhecer como está a evolução da doença, e, a partir daí, entender a importância das medidas que estão sendo tomadas. Por isso que precisamos que esses dados sejam informados e ados para a população de forma correta para que entendam a real situação.”
LOC.: O Índice completo sobre a transparência de dados sobre a Covid-19 em estados e municípios pode ser encontrado no site da Organização Não-Governamental, através do transparenciacovid19.ok.org.br.