LOC.: O presidente Jair Bolsonaro assinou, na última quinta-feira (6), Medida Provisória (MP) que abre crédito extraordinário de quase R$ 2 bilhões para a produção e distribuição de 100 milhões de doses de uma das vacinas testadas contra a Covid-19.
Trata-se do imunizante produzido pelo laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford, na Inglaterra, e que está em fase de testes no Brasil sob a liderança da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A expectativa do Ministério da Saúde é de que 30 milhões de doses sejam fabricadas entre dezembro e janeiro e 70 milhões nos dois primeiros trimestres de 2021. O presidente afirmou que o país tem se esforçado em encontrar soluções para o tratamento contra a Covid-19.
TEC./SONORA: Jair Bolsonaro, presidente
“Procuramos meios no mundo de buscar a vacina e assinamos esse protocolo no ado, amos a fazer parte deste seleto grupo. A nossa contrapartida é financeira no momento, de R$ 1,9 bilhão. Talvez em dezembro exista a possibilidade da vacina e daí esse problema estará vencido poucas semanas depois.”
LOC.: A Medida Provisória editada pelo Executivo tem força de lei assim que publicada. No entanto, perde a validade caso não seja aprovada no Congresso Nacional em até 120 dias. De acordo com o Ministério da Saúde, R$ 1,3 bilhão são para os pagamentos previstos no contrato de Encomenda Tecnológica. Outros R$ 522 milhões serão destinados para a Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz responsável pela produção de imunobiológicos.
Atualmente, a vacina da Universidade de Oxford está no último estágio de estudo, que são os testes em humanos. Essa etapa é a última antes de uma possível produção em massa. No Brasil, cerca de cinco mil voluntários participam dos testes em três capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Os dados preliminares mostram que a vacina induziu a produção de anticorpos contra o novo coronavírus.
O acordo firmado entre o governo brasileiro e as instituições britânicas prevê que se a eficácia e a segurança da vacina forem comprovadas nos testes, a Fiocruz vai poder incorporar a tecnologia necessária para a produção das doses, que seriam disponibilizadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O ministro da Saúde interino, Eduardo Pazuello, destacou que além da disponibilização da vacina, o Brasil poderá desenvolver a tecnologia nacional na área da saúde, com a incorporação do processo da AstraZeneca e da Universidade de Oxford.
TEC./SONORA: Eduardo Pazuello, ministro da Saúde interino
“Estamos garantindo a aplicação de recursos em uma vacina que tem se mostrado uma das mais promissoras do mundo. Esse é um acordo de transferência de tecnologia [ao Brasil]. Isso significa que estamos garantindo a produção e entrega de 100 milhões de doses, além de trazer para o país a capacidade de utilizar essa nova tecnologia na indústria nacional e dar sustentabilidade ao Programa Nacional de Imunização.”
LOC.: Já se sabe que a vacina produzida pela Fiocruz vai ser distribuída pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que atende o SUS. No entanto, o governo ainda não confirmou como seria a campanha de vacinação. Se seguir padrão semelhante ao que ocorre na imunização nacional contra a gripe, o Ministério da Saúde deve priorizar o grupo de risco que, no caso da Covid-19, é formado por idosos e pessoas com comorbidades e doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, por exemplo.
Reportagem, Felipe Moura.