LOC: Olá, sejam bem-vindos ao Entrevistado da Semana. Eu sou Jalila Arabi e comigo está o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. Vamos falar sobre os desafios que os municípios enfrentam de oferecer serviços de saneamento básico para toda a população das cidades.
Édison Carlos, obrigado por nos receber.
TEC./SONORA: Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil
“Eu que agradeço.”
LOC: Quais os maiores desafios do saneamento básico no Brasil hoje?
TÉC./SONORA: Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil
“O desafio é enorme. Nós temos metade da população brasileira que não tem saneamento ainda, não tem coleta de esgoto. Temos 35 milhões de brasileiros que não têm água tratada em plena pandemia do novo coronavírus. Ou seja, pessoas que não podem cumprir a recomendação dos órgãos de saúde de higienizar as mãos porque não têm água nenhuma sequer para lavar a mão. É um quadro sanitário muito complicado, o Brasil é um país muito heterogêneo. Temos regiões que avançaram mais, regiões que não avançaram quase nada. Então, é um cenário bem desafiador levar água potável e saneamento básico para quem ainda não tem, porque muita gente está nas áreas mais vulneráveis, nas favelas, nas áreas rurais. É um desafio grande, sim.”
LOC.: O senhor acredita que os serviços de saneamento básico podem refletir na saúde das pessoas?
TEC./SONORA: Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil
“A relação entre saneamento básico e a saúde é direta. Notamos em qualquer comunidade, qualquer cidade que ou por um processo de expansão do saneamento básico que há uma queda brutal no número de internações. Em alguns lugares, os casos de diarreia e de verminoses caíram 80%.”
LOC.: O senhor acredita que alcançaremos a universalização dos serviços até 2033, data prevista pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB)?
TEC./SONORA: Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil
“Acreditamos que 2033 é uma data muito otimista. 2040 é uma data mais viável, porque quando se fala em universalizar, falamos nas pessoas que moram mais distantes – e não só nas que moram nos centros urbanos, onde, teoricamente, é mais simples de se chegar, porque as redes estão mais perto.”
LOC: Com a aprovação recente do marco regulatório do saneamento, muitos acreditam que vai haver a privatização da água. De que forma o senhor avalia isso?
TEC/ SONORA: Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil
“Então, essa expressão ‘privatização da água’ é completamente errada. Não existe privatização da água, a água é um bem público. O serviço de saneamento é um serviço público, sempre será público. Ele pode ser operado por uma empresa privada, mas o serviço é público. No caso de uma empresa privada ou estatal, quando terminam os 30 anos dela, aquilo tudo é do município, eles não vão tirar o tubo e levá-lo para casa. Esse serviço sempre será público, ele pode ser prestado por uma empresa municipal, estadual ou privada, são modelos que a lei permite que se preste.”
LOC: Presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, nossa entrevista chega ao fim, muito obrigada por participar.
TEC/ SONORA: Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil
“Sempre à disposição, um abraço.”
LOC: O Entrevistado da Semana fica por aqui. Obrigada pela sua audiência e até a próxima. Tchau!